Valse Triste (Jean Sibelius)
Há muitas gotas de água a flutuar na brisa, dançam umas com as outras, felizes. A erva alta, de verde amarelado, ondula como um mar de sargaços, entre brilhos, remoinhos e carícias. A planície estende-se para além das folhas de ácer que escondem o horizonte e ao fundo vejo uma casa cor de cinza, mas isso nada significa; as folhas bailam ao vento, com um frufru de vestidos numa agitação alegre, que roda e cintila. Vejo as borboletas que passam, duas azuis, indiferentes, batendo asas ao ritmo do coração embalado. E, pouco depois, talvez muito depois, dilui-se a luz delicada e chega devagar a escuridão imprecisa que anuncia vagas de mil insectos no começo da sua festa nocturna. Há ainda um drama final, do ar que adormece, e sinto ligeiro arrepio de frio, da noite que avança, triste, a segurar nos braços a sua amada branca, a neve que sopra do alto, rodopiando, num ritmo que acelera pela sala toda que é o mundo.
Aqui.