E afinal tudo isto o que é, senão outro princípio?
Soçobraram estas memórias,
ou aguardam apenas a tão desejada,
adiada salvação?
Pisando a poeira caminhamos,
entre as folhas secas, num ruído manso.
Vacilamos sonâmbulos em noites de paludismo.
Prosseguimos, sem destino certo,
no balanço turvo do navio fantasma.
Já não separamos a mão esquerda da direita.
Muitas vezes,
nem um abraço consola a febre dos dias.
Haja essa tarde, outra vida elevada num sopro,
a árvore antiga elevando-se como um pai.
Por ela subíamos até uma queda sem dor
e os amigo eram como ramos,
a quem nada se pedia excepto o indizível,
esse coruscante silêncio demasiado branco.
Não sei, não vi, o inominável que chegou sem aviso,
lento ou com a pressa dos que fazem sofrer.
Mas fingiu-se de tão quente, de tão íntimo,
que chegou convidado pelo medo a esta mesa,
aterrador comensal na sua face gelada…
Máscara de espelho, assassino manso.
Se houver outro princípio, então o sangue pulse
e o jogo da infância recomece.
Mas se for o fim, então fique o nada que resta.
Assim mesmo.
Só o que resta.
O reciclar dos detritos, da obra, dos corpos.
Não o definhar desta luz amortecida.
Não estas palavras, encarquilhadas ao nascer.
Ou outra coisa qualquer.