Anatomia da insónia
Rasteja o rumor de fora
Pela casa adormecida.
Sinto pequenos dentes
A escavarem a noite
minando as muralhas
de pedra envelhecida.
Movo em vão o corpo
Na bruma doente, humedecida.
Viro-me de novo, lentamente
entre voláteis pensamentos
que deslizam no tempo
da madrugada vencida.
Ouço os curtos passos
Na hora amanhecida.
São outros infelizes
Que tal como eu faço
Esperam o sono docilmente
à espera da própria vida